Santa Cecília – A padroeira dos músicos

novembro 21, 2020by Sean Brito

Santa Cecília é conhecida mundialmente como a padroeira dos músicos e da música sacra, sendo que um dos motivos para isso é que ela teria cantado a Deus quando estava morrendo. Devido à devoção que nutrem por ela desde a Idade Média, é ainda a santa que mais possui basílicas em Roma. Também é homenageada...

Santa Cecília é conhecida mundialmente como a padroeira dos músicos e da música sacra, sendo que um dos motivos para isso é que ela teria cantado a Deus quando estava morrendo. Devido à devoção que nutrem por ela desde a Idade Média, é ainda a santa que mais possui basílicas em Roma.

Também é homenageada em diversas cidades brasileiras, por meio de igrejas e capelas. E se você quer saber tudo a respeito de Santa Cecília – a padroeira dos músicos, continue com a leitura deste artigo. Nos tópicos a seguir, você encontra as principais informações a respeito do tema.

  • História de Santa Cecília
  • Origem da data em sua homenagem
  • Propagação da sua devoção mundo afora
  • Representação de Santa Cecília na pintura
  • Basílica de Santa Cecília em Trastevere
  • Accademia Nazionale di Santa Cecilia

História de Santa Cecília

Conta a tradição que por volta do ano 230, durante o império de Alexandre Severo e do Pontificado de Urbano I, a nobre jovem e romana Cecília, só no dia do seu matrimônio, revelou ao marido Valeriano que tinha se convertido ao cristianismo. Também fez voto de virgindade perpétua.

Frente a isso, Valeriano se converteu ao cristianismo, tendo sido catequizado e batizado pelo Papa Urbano I. Pouco tempo depois, o irmão de Valeriano, Tibúrcio, também se converteu, sendo que os dois foram presos, por ordem do prefeito Turcio Almachio.

Ambos foram torturados e decapitados, juntos com Máximo, o oficial responsável pela prisão dos irmãos e que foi mais um a se converter durante o processo. Quanto à Cecília, Almachio achou por bem não fazer uma execução pública, pois a jovem era popular e o ato poderia repercutir negativamente.

Portanto, a submeteu a um julgamento sumário e a enviou para casa, onde foi trancada em uma terma com temperatura elevada, a fim de simular uma morte por asfixia. Após um dia e uma noite, entretanto, os guardas encontraram Cecília viva e em paz.

Dessa forma, Almachio mandou que a decapitassem, mas depois de três golpes violentos na nuca, o algoz não conseguiu concluir o trabalho e cortar sua cabeça. Por consequência, a jovem passou três dias de agonia, até falecer, porém, antes determinou que doassem os seus bens aos pobres e a sua casa à Igreja.

E já que não consiga mais falar nenhuma palavra continuou a professar a sua fé em Deus com os dedos das mãos, do mesmo jeito que o pintor Maderno a esculpiu posteriormente. Hoje em dia, essa estátua encontra-se no altar central da Basílica dedicada à santa.

Origem da data em sua homenagem

Diz-se que foi o Papa Urbano I, ajudado por alguns diáconos, que sepultou o corpo de Cecília nas Catacumbas de São Calisto, próximo à cripta dos Papas. Além disso, o Papa Pasqual I, devoto da então santa, em 821, levou suas relíquias à cripta da Basílica de Santa Cecília, que foi erguida em sua memória.

Desde a Idade Média, documenta-se a relação de Santa Cecília com a música. Entre as razões, está o fato de haver um trecho da Passio, bem como a antífona de entrada da missa, onde diz “enquanto os órgãos tocavam, ela canta, em seu coração, somente ao Senhor”.

Além disso, a partir do século XV, em diferentes cidades europeias, começa a aparecer a iconografia da santa, inclusive, enriquecida com elementos musicais. Essa conexão também aparece no seu martírio, afirmando que, no seu casamento, teria ouvido o som dos instrumentos musicais e elevado o coração a Deus.

Desse modo, desde o século XV, Santa Cecília é considerada padroeira da música sacra. Sua festa é celebrada no dia 22 de novembro, dia internacional da Música e dos Músicos. Essa data corresponde ao dia do seu nascimento.

E mais, compositores renomados escreveram músicas em sua homenagem, a exemplo de Henry Purcell e de Benjamin Britten. Aparece ainda em poemas de John Dryden e W. H. Auden, entre outros. E até mesmo os músicos populares referenciam a santa em suas canções, como Paul Simon e Dave Grohl.

Propagação da sua devoção mundo afora

A devoção à Santa Cecília foi se propagando em muitas igrejas construídas em seu nome, fora da Itália. É possível citar a Catedral de Santa Cecília em Albi, na França, de estilo gótico. O local se destaca pela sua nave, com longas colunas em nervuras chegando até o teto constituído de arcos ogivais.

Ao fundo, há um grande órgão, adornado de azul-celeste. No Brasil, também existem diversas igrejas dedicadas à devoção da santa. Entre elas, está a capela construída em 1861, na capital São Paulo. Posteriormente, se tornou a Igreja de Santa Cecília, fundada em 1895.

Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, a Igreja Santa Cecília situa-se na rua de mesmo nome. Ainda no estado gaúcho, existe a Igreja Santa Cecília, na cidade de Santa Maria, erguida em 1952. Outros estados também contam com igrejas em homenagem à santa, como é o caso do Rio de Janeiro.

Na cidade de Volta Redonda, está uma igreja fundada em 1959. Outra igreja encontra-se em Recife, capital pernambucana, sendo que foi erguida a partir de 1683 e reconstruída por volta de 1900.

Enquanto isso, em Manaus, no estado do Amazonas, a igreja em homenagem à santa integra a paróquia Santa Rita de Cássia, com mais de 70 anos de existência. Esses são apenas alguns exemplos de como Santa Cecília e lembrada em solo brasileiro.

Representação de Santa Cecília na pintura

Atualmente, é possível encontrar uma grande variedade de obras de arte narrando os episódios da vida de Santa Cecília. Em especial, narrando a sua relação com a música. Durante a Idade Média e o período Barroco, pintores, entre outros artistas, a homenagearam por meio da expressão artística.

Nesse sentido, é possível destacar o Êxtase de Santa Cecília, de Rafael, que teve o auxílio de seus ajudantes. Trata-se de uma pintura a óleo sobre painel transferido para tela, datada de cerca de 1514.

Na imagem, a santa está no centro de uma “Sacra Conversação”, enquanto abandona os instrumentos musicais que protege. Entre eles, estão uma viola da gamba soprano com arco, mas sem cordas; um triângulo; duas flautas; e vários pandeiros com pele e platinelas.

Já Santa Cecília está com o olhar para o céu, onde aparece um coro angelical. Segundo Carin Zwilling, graduada em música e teologia, em seu artigo acadêmico Santa Cecília: um percurso através da arte e da devoção, afirma que:

“Esta é uma referência que o pintor faz à transitoriedade da música ‘terrestre’ – o símbolo das paixões humanas (flautas, pandeiros e címbalos, estão ligados ao culto de Baco) – em oposição à ‘música celeste’ na parte superior da tela, que se abre em explosão solar com a aparição de seis anjos em coro a entoar hinos de louvor”.

Ao redor de Santa Cecília, na tela, estão ainda São Paulo, São João Evangelista, Santo Agostinho e Maria Madalena.

Outra obra de destaque é Santa Cecília e o anjo, de 1610, sendo uma pintura de óleo sobre tela. Retratada por Gentileschi, a santa toca o teclado do órgão, o órgão portativo, o seu instrumento típico, enquanto um pequeno anjo vestido de azul lhe mostra a partitura celestial.

Outras pinturas que a retratam são de Francisco da Silva Romão e Francesco Trevisani. Elas recebem o nome respectivamente de Santa Cecília e Personificação da Música. Nas duas, a jovem toca alaúde. Esses são apenas alguns belíssimos exemplos de como Santa Cecília é representada nas artes plásticas.

Basílica de Santa Cecília em Trastevere

Santa Cecília em Trastevere
Créditos fotográficos: Alejandro

A Basílica de Santa Cecília foi erguida no século V e está localizada na Piazza di Santa Cecília no antigo Bairro de Trastevere, em Roma. Documentos mostram que ela foi construída sobre a casa onde morava Cecília com o seu esposo Valeriano.

A respeito da arquitetura da Basílica, sabe-se que recebia arcos românicos, mas durante o século XII, foram incluídos o campanário de cinco andares e o pórtico. Já no final do século XIII, o cardeal francês Cholet encomendou ao pintor Pietro Cavallini a decoração com afrescos das paredes da nave.

O pintor inovou a partir de experiências com a perspectiva, o que fez com o trono de Cristo e o coro dos Apóstolos. Também apostou na utilização expressiva de cores quentes e em um jogo de sombras tridimensional.

Por isso, considera-se que a Basílica possui o que existe de melhor em termos de afrescos criados na Idade Média. Além disso, há cenas dos Antigo e Novo Testamento, bem como um Cristo como o Juiz do Mundo, no centro, dentro de uma mandorla mística carmesim.

Enquanto isso, Maria, os apóstolos e João Batista o rodeiam. Já os anjos tocam trombetas ao mesmo tempo em que os justos se dirigem para o céu e os pecadores se encaminham para o inferno. O local se caracteriza ainda por possuir teto baixo e abside.

No entanto, o aspecto medieval foi perdido com a conversão barroca, quando as colunas medievais foram incrustadas nos pilares. De todo o modo, a obra mais importante é a estátua de mármore chamada de “O Martírio de Santa Cecília”, de Stefano Maderno.

Na cripta há uma entrada para as ruínas de uma antiga morada romana que se estende por toda a extensão da igreja. Em 1725, o cardeal Francesco Acquaviva pediu para que o arquiteto Ferdinando Fuga redesenhasse todo o local.

Assim, ele fez o pátio interno com canteiros de flores e, na fachada, colocou o brasão do Cardeal. O pórtico do século XII foi mantido e pode ser visto nos dias de hoje com sua excelente arquitrave de colunas jônicas em granito rosado.

Accademia Nazionale di Santa Cecilia 

A Accademia Nazionale di Santa Cecilia ou Academia Nacional de Santa Cecília é uma importante instituição de música, na qual passaram nomes ilustres. Entre eles Mendelssohn, compositor da mais conhecida Marcha Nupcial tocada nos casamentos.

Outro grande músico da Accademina Nazionale di Santa Cecilia foi Richard Strauss, que compôs o poema sinfônico Also Sprach Zarathustra. Um dos seus trechos é tocado na entrada da noiva e conhecido como Clarinada da Rainha. Aliás, as noivas amam uma entrada triunfal e essa obra é perfeita!

Mais um músico importantíssimo da história da Accademia Nazionale di Santa Cecilia foi Charles Gonoud. Esse ilustre compôs uma das mais belas e conhecidas músicas sacras, a Ave Maria. Além de atemporal, está sempre presente nas cerimônias de casamento, inclusive, na entrada da noiva e das alianças.

Vale lembrar que a instituição é uma das mais antigas do mundo. Sua fundação data de 1585, sendo que ao longo dos séculos passou de uma associação de músicos a uma referência em termos de academia moderna.

O local também começou a servir para a organização de concertos sinfônicos de renome internacional. Além de contar com um corpo acadêmico formado por 100 ilustres expoentes da cultura e da arte musical, tem uma orquestra e coro sinfônico, altamente conceituado internacionalmente.

Destaca-se ainda por desenvolver atividades de formação musical de alto nível e preserva um riquíssimo patrimônio histórico.

História e importância da Accademia Nazionale di Santa Cecilia

Quando ocorreu a sua fundação, na época Congregação dos Músicos, o Papa Sisto V publicou a bula Ratione Congruit, para oficializar a criação da entidade. Na ocasião, invocou a Santíssima Virgem e os Santos Gregório e Cecília, sendo que todos se tornaram patronos do local.

Assim como Cecília, Gregório é mais um santo considerado musical. A Gregório Magno é dado o papel de ter instituído o canto eclesiástico, conhecido como canto gregoriano. E Cecília, como já vimos, é quem, a partir do final da Idade Média, substituiu, aos poucos, Rei David, se tornando a padroeira da música.

Inicialmente, a sede era a Basílica di Santa Maria ad Martyres – Roma, chamada de Panteão. Depois passou para a igreja de San Paolino alla Colonna e para outras três, até que se firmou em San Carlo ai Catinari, a partir de 1685, sendo que permanece até hoje.

Além de todos os eventos que promove, conta ainda com o MUSA, o Museu de Instrumentos Musicais da Academia Nacional de Santa Cecília, inaugurado em 2005. O local reúne uma das principais coleções de instrumentos italianos.

 

https://grupocompasso.com.br/wp-content/uploads/2019/07/logo-footer.png
Contato
(62) 9 8237-1638
sean@grupocompasso.com.br
atendimento@grupocompasso.com.br
Aceitamos Cartões
https://grupocompasso.com.br/wp-content/uploads/2020/07/aceitamos-cartoes.png

2020 – 2024 © Grupo Compasso – Todos os direitos reservados | Mantido por RBGSolucoes

2020 – 2024 © Grupo Compasso

Todos os direitos reservados | Mantido por RBGSolucoes

×